Os trabalhadores do fundo da mina de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, começaram esta segunda-feira, 16 de junho, greve de quatro dias em protesto contra a implementação de um novo modelo de rotação de turnos pela concessionária, a Boliden Somincor. A alteração em causa é a adoção de um esquema de quatro dias de trabalho seguidos por quatro dias de folga (4×4).
O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM) avançou com o pré-aviso de greve para as equipas A e B do fundo da mina hoje e terça-feira, estendendo-se aos dias 20 e 21 para as equipas C e D da mesma área.
Em comunicado, o STIM afirmou que a decisão da Boliden Somincor viola o “acordo de empresa que está em vigor” desde 2019. O sindicato considera “incompreensível que a empresa não atenda a maioria dos trabalhadores, o que revela a sua total falta de respeito e arrogância”.
Adicionalmente, a estrutura sindical acusou a concessionária de Neves-Corvo de pretender “extrair mais minério sacrificando a saúde dos seus trabalhadores e impedindo que estes tenham uma vida familiar e social digna”.
Em declarações anteriores ao jornal regional “Correio Alentejo”, publicadas em 6 de junho, o diretor-geral da Boliden Somincor, Gunnar Nyström, reconheceu que “a greve é um direito irrenunciável dos trabalhadores, competindo a cada um deles a decisão de aderir ou não à mesma”.
Nyström garantiu que a empresa consultou os trabalhadores “nos termos legalmente previstos” sobre a alteração proposta, a qual, segundo ele, “está enquadrada no acordo de empresa que se encontra em vigor” e “cujo conteúdo foi oportunamente negociado com o STIM”.
O diretor-geral da Boliden Somincor defendeu que a mudança para a rotação de turnos 4×4 é uma medida “essencial para melhorar os índices de segurança da Somincor e para aumentar os níveis de produção da empresa, invertendo a tendência negativa verificada nos últimos anos”. Gunnar Nyström acrescentou ainda que “com esta alteração será possível investir em projetos que viabilizem o aumento do período de vida útil da mina, garantir a manutenção de postos de trabalho e, não menos relevante, continuar a melhorar as condições de segurança dos nossos trabalhadores”.
A mina de Neves-Corvo é uma das mais importantes do continente europeu, produzindo principalmente concentrados de cobre e zinco, além de prata e chumbo. É reconhecida como a maior mina de zinco na Europa e a sexta maior de cobre no continente. Com cerca de 2.000 trabalhadores, é a maior empregadora da região. A Somincor, concessionária da mina, foi recentemente adquirida pela sueca Boliden à Lundin Mining, num negócio de cerca de 1,44 mil milhões de euros, concretizado em 16 de abril.
Rádio Castrense / Lusa
