Este ano teve início o Plano de Emergência para a Recuperação do tartaranhão-caçador em Portugal, coordenado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e em parceria com Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, Sociedade para os Estudo das Aves (SPEA) e pelo Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO).
“O tartaranhão-caçador é uma ave de rapina que vem de Africa em março para nidificar nos fenos e cereais do Alentejo, regressando àquele continente no verão, quando as crias se tornam voadoras. Os números atuais são muito preocupantes e é urgente intervir na conservação desta espécie, em perigo de extinção. O plano de emergência desenhado incluiu uma intervenção in-situ, com proteção de crias, e outra ex-situ, com resgate de ovos encontrados” explica Olga Martins, Diretora Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo.
O resgaste de ovos para incubação ex-situ (fora do meio natural) está a decorrer pela 1ª vez em Portugal para uma ave silvestre. Após a incubação e a 1ª fase de crescimento, as crias são transferidas para instalações de aclimatação ao meio natural (hacking), onde decorre a última fase de crescimento durante 3 a 4 semanas até serem juvenis voadores e estarem autónomos para sobreviverem na natureza.
Durante esta fase são acompanhados e alimentados diariamente com o menor contato humano possível, aprendendo a reconhecer o seu habitat natural.
Rita Alcazar, Coordenadora da Delegação da LPN em Castro Verde, refere que “o tartaranhão-caçador era uma das aves mais comuns nas nossas planícies alentejanas. O decréscimo que estão a ter é tão acentuado, que atualmente é difícil serem observados”. Acrescenta ainda que “estas ações de emergência [incubação de ovos e conservação ex-situ] só estão a ser efetuadas porque a situação da espécie é tão dramática, que apenas com uma intervenção de resgate e salvamento será possível assegurar a sobrevivência dos juvenis e conseguir evitar a extinção da espécie em Portugal”.
Recorde-se que, jno passado dia 19 de julho foram libertados 21 juvenis de tartaranhão-caçador em Castro Verde e 7 juvenis estão agora na fase de aclimatação para serem libertados em breve.
A LPN e o ICNF promovem hoje, 29 de julho, no Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho, em plena Reserva da Biosfera da UNESCO de Castro Verde, para a visita às instalações de conservação “ex-situ” e para a sessão de divulgação do projeto.