A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, considerou hoje “insuficiente” o número de vagas carenciadas aberto na área da saúde e “uma enorme desilusão” que não tenha sido contemplada “uma única” na área da saúde mental. A notícia é avançada pela Lusa.
A mesma fonte avança que para o Bloco de Esquerda (BE), é “absolutamente insuficiente o que foi anunciado” e “uma enorme desilusão para quem trabalhou no programa de saúde mental até agora, para quem vê como há cada vez mais necessidade de resposta a nível da saúde mental”, disse.
Após uma visita à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), mais precisamente ao hospital de Beja, Catarina Martins alertou, em declarações aos jornalistas, que “há cada vez mais utentes a dirigirem-se ao hospital a pedirem ajuda e, pela primeira vez, não é aberta uma única vaga carenciada para a saúde mental”.
“Isso é um absurdo face à realidade concreta do país”, argumentou, realçando que “a necessidade [de cuidados na área da saúde mental] vem de toda a população, nomeadamente dos mais jovens”, afirmou.
Sobretudo num momento em que “triplicou o recurso ao hospital em casos de pedopsiquiatria”, mas Beja, que tem elevada incidência das taxas de depressão e suicídio, “continua a ter uma única pedopsiquiatra e não foi aberta nenhuma vaga carenciada” na saúde mental, criticou.
Após reunir com o conselho de administração da ULSBA, a líder do BE deslocou-se ao Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do hospital e ouviu, da parte de profissionais, queixas sobre o facto de só existir uma pedopsiquiatra na unidade e faltarem outros médicos.
“Quando as necessidades em saúde mental são mais [altas] do que nunca no país, porque os dois anos de pandemia também aumentaram essa necessidade” que “já era tão grande, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não está a ter os recursos de que precisa”, nem “as contratações de que precisa”, afirmou Catarina Martins.
E “não vale dizer que o Orçamento do Estado será resolvido pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e os seus investimentos, porque os investimentos do PRR são em equipamentos e os equipamentos não funcionam sem gente e o SNS não funciona sem gente”, avisou.
“E é por isso que, para nós, é tão perigoso um Orçamento do Estado que diz que o SNS vai viver este ano com menos dinheiro do que viveu o ano passado, porque o aumento de verba previsto é inferior à inflação e o SNS, que já estava com tantas dificuldades, viverá ainda com mais dificuldades”, continuou.
Atualmente, devido à pandemia de covid-19, embora “com menos complicações de saúde”, ainda “continua a haver uma enorme pressão nas urgências, nos cuidados primários”, pelo que “este não é o momento de poupar com a saúde”, mas sim “do investimento no SNS”, defendeu.
A coordenadora do BE criticou ainda o facto de a 2.ª fase de ampliação do hospital de Beja ter “simplesmente desaparecido do Orçamento do Estado, entre 2018 e agora”, sem que nada tenha avançado.
O Bloco de Esquerda entregou também hoje na Assembleia da República um projeto de lei a defender a reversão do hospital de Serpa para o SNS, deixando de ser gerido pela Santa Casa da Misericórdia local, disse Catarina Martins.
Fonte: Lusa