O Bloco de Esquerda de Beja revelou o seu programa para as Eleições Autárquicas 2025 sob o lema “Esquerda com voz, Beja com futuro”. O documento apresenta um conjunto de propostas que visam responder a problemas sociais, ambientais e económicos identificados no concelho, com uma crítica direta à gestão anterior.
Um dos pilares do programa é a habitação, uma área que o partido considera “no fundo” no concelho. O Bloco de Esquerda sublinha que “Beja tem mais de 500 casas devolutas no centro da cidade, enquanto jovens e trabalhadores rurais enfrentam dificuldades de acesso a habitação digna”.
Para resolver a situação, propõe um plano de intervenção em edifícios públicos degradados, como a antiga sede do Banco de Portugal e o antigo Lar de Infância e Juventude da Casa Pia, para os converter em apartamentos de tipologia T0 e T1 a serem arrendados a preços controlados para jovens. O programa também prevê a recuperação dos cerca de 500 fogos devolutos no centro da cidade, incentivando os proprietários com linhas de crédito bonificadas e, em caso de recusa, através da posse administrativa coerciva e agravamento do IMI.
O programa tece fortes críticas ao impacto ambiental do agronegócio e das monoculturas de olival e amendoal. O partido acusa a agricultura intensiva de destruir sítios arqueológicos e de poluir a água das fontes. A principal medida proposta é a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) para aumentar a distância mínima entre estas culturas e as zonas habitacionais para 500 metros.
Outras propostas incluem a fiscalização das condições de trabalho nas empresas agrícolas e a proteção do património natural. Na área do bem-estar animal, o Bloco propõe a criação de um centro veterinário municipal e a transformação de Beja numa “Cidade Livre de Touradas”.
No campo da mobilidade, o Bloco de Esquerda defende uma reforma da rede de transportes públicos, prometendo maior frequência na cidade e a extensão das rotas a todas as freguesias, inclusive aos fins de semana. O programa também se foca na requalificação da Linha do Guadiana, manifestando-se contra a sua transformação em ecopista.
No plano social, são propostas a criação de um Gabinete de Apoio ao Imigrante, para informar sobre direitos laborais e fiscalizar alojamentos sobrelotados, e de um Fundo Municipal de Emergência Social.
Para reforçar a participação cívica, o programa inclui a criação do cargo de Provedor do Munícipe e a aplicação de 15% do orçamento municipal através de um orçamento participativo. Na cultura, o partido propõe a criação de um Museu da República e a valorização do património cultural local.