A Universidade de Évora, em colaboração com a NOVA Medical School, revelou os primeiros resultados do projeto RUN UP, um estudo pioneiro dedicado à análise da saúde e dos estilos de vida das crianças do Município de Évora. Financiado pelo Comprehensive Health Research Centre (CHRC), através de fundos da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o projeto surgiu da crescente preocupação com os desafios que afetam o desenvolvimento infantil.
O estudo envolveu 1322 crianças dos quatro Agrupamentos de Escolas de Évora, das quais 845 participaram ativamente, com o apoio dos pais e encarregados de educação, que responderam a questionários sobre atividade física, sono, tempo de ecrã, alimentação e saúde mental.
Os resultados revelam indicadores preocupantes:
- 32% das crianças apresentam excesso de peso ou obesidade;
- 38,7% consomem snacks doces e salgados quatro ou mais vezes por semana;
- 18,6% ingerem refrigerantes ou sumos açucarados com a mesma frequência;
- 63% não cumprem as duas horas diárias de brincadeira ativa recomendadas durante a semana;
- 18% dormem menos do que as 9 a 12 horas aconselhadas;
- 47% passam mais de uma hora por dia em frente a ecrãs.
A investigadora principal, Gabriela Almeida, sublinha que o estudo permite obter uma “fotografia detalhada da saúde das crianças eborenses”, oferecendo “pistas valiosas para intervir de forma mais eficaz e adaptada à realidade local”.
Um dos principais achados do RUN UP foi a forte associação entre estilos de vida pouco saudáveis e níveis mais baixos de competência motora. As crianças com excesso de peso ou baixo nível de atividade física apresentaram maior risco de dificuldades motoras e indicadores cardiometabólicos preocupantes.
O projeto conta com o apoio da Câmara Municipal de Évora e da Administração Regional de Saúde do Alentejo, e constitui uma base científica sólida para a definição de estratégias locais de promoção da saúde infantil, envolvendo escolas, famílias e comunidade.
