A Junta de Freguesia de Santa Cruz, no concelho de Almodôvar, enfrenta uma alteração na sua composição executiva. A Vice-Presidente e Tesoureira, Alexandra Mártires Bota, anunciou na sexta-feira, 11 de julho, em comunicado, a sua demissão “com efeitos imediatos” de todos os cargos e pelouros que lhe foram atribuídos.

Na nota enviada aos jornalistas, a agora ex-autarca justifica a sua decisão com “divergências crescentes com o Presidente da Junta” e com “a falta de reconhecimento do seu trabalho e empenho, especialmente na preparação das próximas eleições autárquicas de 2025”.

A demissionária começou por sublinhar que a sua participação no executivo foi sempre impulsionada por uma “visão política que a acompanha desde criança”, influenciada pelo exemplo do seu pai, e pela convicção de que a política deve “servir as pessoas”. Neste sentido, destacou vários projetos e iniciativas que liderou “ao longo dos anos, com dedicação e proximidade à população”.

Entre os exemplos de trabalho realizados, a ex-Vice-Presidente e Tesoureira da Junta de Freguesia de Santa Cruz referiu a iniciativa “porta a porta”, criada para combater o isolamento social, particularmente durante o início da pandemia, quando visitou, juntamente com a funcionária Paula, todas as casas habitadas da freguesia, levando “um pequeno cabaz alimentar e, acima de tudo, companhia e atenção”. Mencionou também a “criação de vouchers de Natal para dinamizar o comércio local, a requalificação do interior da sede da Junta ao aproveitar um apoio municipal de 10 mil euros, e a criação do Festival do Folar”, que “levou pela primeira vez o nome da nossa freguesia à televisão”. A “requalificação do jardim e da entrada da aldeia, e um projeto para converter um antigo posto médico num espaço com biblioteca e acesso a meios informáticos”, foram outros dos pontos salientados, embora este último não tenha sido executado.

A ex-autarca lamentou ainda “o desaparecimento das tradicionais excursões da freguesia nos últimos dois anos”, as quais, segundo ela, “organizava e acompanhava pessoalmente”, proporcionando “momentos únicos de alegria e convívio”. Relatou “um incidente de 2024, no qual, após o roubo de uma viatura da Junta, se prontificou a tratar da aquisição de um novo veículo, mas o Presidente da Junta comprou “em simultâneo uma carrinha usada, sem me dizer absolutamente nada”, explica a autarca demissionária.

A principal razão para a sua demissão reside, contudo, “nas divergências com o Presidente da Junta”. A ex-autarca queixou-se de que a sua “visão de trabalho em equipa, partilha de responsabilidades e presença ativa junto da população não foi respeitada nem acolhida”, sentindo-se “excluída de decisões e reuniões importantes, bem como de eventos representativos do executivo”.

O ponto de rutura final, e que considerou uma “falta de respeito”, foi a preparação da lista para as eleições autárquicas de 2025, na qual foi “completamente ignorada, sem qualquer palavra ou consideração”, tanto por parte da Comissão Política de Almodôvar como do próprio Presidente da Junta. “Depois de tanto trabalho, empenho e dedicação, considero que o mínimo seria a dignidade de um contacto ou uma conversa, ao menos para me dizerem, não queremos contar consigo!”, desabafou na Nota de Imprensa emitida.

A ex-Vice-Presidente e tesoureira conclui a sua nota afirmando que “já não se revê no projeto atual”, que considera ter feito “pouco ou nada” pela freguesia. Apresenta a sua demissão “com tristeza mas em paz com a minha consciência”, assegurando ter dado “sempre o melhor de mim”. Deixou ainda um “agradecimento especial” aos funcionários da Junta, pela “entreajuda e cumplicidade no trabalho diário”.

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