A FAABA – Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo, vem dizer publicamente quem “Na sequência de um compromisso que a EDIA tem com o Estado Português, leia-se APA – Agência Portuguesa do Ambiente, estão a ser libertados do complexo de Alqueva (Açude do Pedrógão) 45 milhões de metros cúbicos de água com o objetivo de simular um caudal de cheia do Rio do Guadiana, e dessa forma garantir, “o cumprimento natural deste curso de água, uma medida essencial para limpeza e manutenção dos ecossistemas ribeirinhos”.
A FAABA salienta que “este volume de água somado ao libertado o ano passado, em ano de seca severa, corresponde a uma albufeira do Roxo completamente cheia”. Além do mais, acrescentam os agricultores, “desde a conclusão da barragem do Alqueva e como consequência dos caudais ecológicos, que são necessários manter, que o leito do rio Guadiana se encontra com fluxos de água mais elevados e mais estabilizados ao longo do todo o ano”.
“Numa altura em que os agricultores se debatem com cortes de água às suas explorações agrícolas, sempre que ultrapassam as dotações pré-estabelecidadas pela EDIA, em que se impõem barreiras à restruturação de culturas e à distribuição da água aos regantes precários, bem como à sua integração, sempre na perspectiva de reduzir o consumo de água do EFMA, como classificar esta medida por parte da APA e da EDIA?” interroga a FAABA.
Esta situação, frisam, “ocorre quando toda a região sul do país se debate ainda com deficiências hídricas significativas (particularmente o Algarve, Baixo Alentejo e Alentejo Litoral) e com restrições já anunciadas para aplicação no futuro próximo, principalmente para a região do Algarve”. As questões continuam por parte da FAABA: “O que pensarão os agricultores e os cidadãos em geral destas regiões sobre esta decisão? O único pensamento possível, é que se trata de um enorme desperdício de água e de má gestão dos recursos hídricos disponíveis no EFMA”.
De referir que os 45 milhões de m3 de água libertados para simulação de cheia são um acréscimo ao caudal ecológico que, em anos muito secos, pode atingir os 600 milhões de m3 mas, se esta medida de limpeza do rio se justifica do ponto de vista ambiental, por que não utilizar parte deste caudal ecológico para a sua concretização? E se este compromisso com o Estado Português “não está adequado à realidade territorial e de gestão dos recursos hídricos da região, então que se proceda à sua rápida e urgente revisão”, conclui a nota.