Os presidentes das Câmaras de Aljezur (Faro) e de Odemira (Beja) pediram ao Governo que esclareça os agricultores sobre o modelo de distribuição da água do perímetro de rega do Mira para campanhas agrícolas.
A posição dos dois autarcas foi divulgada num comunicado conjunto depois de uma reunião realizada na quarta-feira com a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes.
A reunião foi pedida “com caráter de urgência” pelos autarcas Hélder Guerreiro (Odemira) e José Gonçalves (Aljezur) depois de o Governo ter suspendido de funções a direção da Associação de Beneficiários do Mira (ABM), com sede em Odemira (Alentejo) e que gere o Aproveitamento Hidroagrícola do Mira.
A decisão foi motivada por alegadas divergências sobre a distribuição de água no âmbito do Plano de Contingência para Situações de Seca, tendo sido nomeada uma comissão administrativa. O despacho de posse desta comissão foi assinado em 23 de junho por Maria do Céu Antunes.
No texto conjunto, os presidentes das câmaras de Aljezur e de Odemira adiantam que na reunião com a ministra foi reafirmado que a comissão administrativa “tem um cariz temporário e que o mais breve possível serão realizadas eleições para os novos corpos sociais”.
Os autarcas dizem que, embora não concordem com a suspensão da direção da ABM, “este é o momento em que deve prevalecer o diálogo, a calma e o bom senso”.
Face às dúvidas levantadas pelos agricultores abrangidos pelo perímetro de rega do Mira, pedem que o Governo explique detalhadamente aos beneficiários associados as condições sobre o modelo de distribuição de água para garantir a boa conclusão da campanha de rega de 2023 e a adequada preparação da campanha de 2024.
As autarquias consideram que “neste contexto de forte restrição de água, todas as decisões são difíceis”, mas é importante que sejam dadas explicações em futura assembleia geral da ABM para que “volte a existir confiança no futuro”.
Segundo os autarcas, o Ministério da Agricultura justificou a decisão de suspender a direção da ABM e de nomear uma comissão administrativa com a “necessidade de garantir” as campanhas de rega de 2023 e 2024 e “a execução dos investimentos previstos e acordados no pacto assinado para a gestão sustentável da água”.