De acordo com notícia do jornal online ECO, o Governo conta aprovar, no final de 2024, o projeto de modernização e eletrificação para o troço Casa Branca-Beja, na Linha do Alentejo. A informação consta de uma resposta do Ministério das Infraestruturas aos deputados do PCP João Dias e Bruno Dias e foi publicada na página do Parlamento na segunda-feira.
“Estima-se que a aprovação deste projeto ocorra no final de 2024, findo o processo de Avaliação de Impacte Ambiental e emissão da Declaração de Impacte Ambiental respetiva, por parte da Agência Portuguesa do Ambiente”, refere o gabinete liderado por João Galamba.
A modernização e eletrificação do troço Casa Branca-Alentejo consta do Programa Nacional de Investimentos para 2030 (PNI 2030), como projeto para executar até 2025. No entanto, em junho de 2021, a Infraestruturas de Portugal (IP) assumia que as obras apenas deveriam ficar concluídas em 2027.
“O lançamento da empreitada será feito em 2024 e a obra decorrerá em 2025, 2026 e, porventura, ainda no início de 2027”, afirmou o então presidente da IP, António Laranjo, durante uma audição na Assembleia da República. O orçamento para a empreitada seria de mais de 100 milhões de euros, com comparticipação, em até 85%, do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), referiu o mesmo responsável.
Em julho de 2015, um estudo da IP apontava para obras no valor entre 68 e 94 milhões de euros. No cenário mínimo, 68 milhões de euros serão suficientes para o troço Casa Branca-Beja ter comboios elétricos até 140 km/h, graças à colocação de catenária, sinalização eletrónica e ainda a supressão das 17 passagens de nível. Para os comboios circularem até 200 km/h, a despesa sobe para 94 milhões de euros: além da eletrificação, é necessário construir cerca de 12,5 quilómetros de variantes ao traçado original.
Com a eletrificação da Linha do Alentejo até Beja, voltará a ser possível fazer comboios diretos, por exemplo, entre Lisboa e Beja, o que deixou de acontecer em maio de 2010, devido à modernização da linha entre Bombel e Casa Branca. Atualmente, de Lisboa até Beja, são necessárias duas horas e sete minutos, com mudança de comboio em Casa Branca.
Está ainda em estudo a viabilidade da ligação da Linha do Alentejo ao aeroporto de Beja. A variante poderá custar 20 ou 26 milhões de euros, permitindo uma viagem de comboio até Lisboa em cerca de uma hora e 30 minutos. A escolha mais barata tem uma extensão de 12,8 quilómetros; serve para as instalações militares e o transporte de mercadorias por via aérea. A opção mais cara está mais vocacionada para passageiros e prolonga-se por perto de 17 quilómetros.
O Comboio até à Funcheira terá de esperar
Da Linha do Alentejo também faz parte o troço entre Beja e a Funcheira, sem serviço de passageiros desde 2012. O PNI 2030 prevê apenas estudos de reativação deste troço. O regresso dos comboios a este percurso implica um investimento de 77 a 86 milhões de euros, segundo o estudo de 2015 da IP.
Com a opção mais barata, além da modernização e eletrificação do troço, serão suprimidas todas as passagens de nível e serão construídos pontos de cruzamento para circularem comboios de mercadorias com 750 metros de comprimento. Ainda no cenário base, prevê-se a construção de uma variante de 4,1 quilómetros e uma renovação de 2,4 quilómetros de via junto a Ourique.
Se a IP for mais ambiciosa, para o troço Beja-Funcheira são necessários mais nove milhões de euros. Com 86 milhões, os comboios poderão circular até 200 km/h graças à construção de mais 13 quilómetros de variantes e à vedação integral da linha.
No âmbito da reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência, o PCP chegou a desafiar o Governo para incluir, no financiamento europeu, as obras de modernização do Beja-Funcheira. Tal acabou por não acontecer.
Com a reabertura do troço entre Beja e Funcheira, a Linha do Alentejo passaria a ser uma redundância à Linha do Sul nas ligações entre Lisboa e o sul do país. A aposta confere “redundância na ligação ferroviária do porto de Sines às regiões Centro e Norte de Portugal e à fronteira com Espanha”, escreveu a IP no estudo de 2015.