O Bloco de Esquerda (BE) de Beja manifestou, em comunicado, a sua “insatisfação e preocupação” com os resultados das eleições autárquicas de 2025, que consideram ter feito “História, mas pela negativa”, após a vitória inédita de uma força de direita na Câmara Municipal.
Pela primeira vez, uma coligação ou partido de direita – que até agora nunca tinha eleito mais do que um vereador – assume a presidência do executivo camarário. Além disso, o BE lamentou a eleição de um vereador pelo partido Chega, que classificou como “neofascista”.
Para o Bloco de Esquerda, o resultado eleitoral foi “negativo”, uma vez que não foram alcançados os objetivos propostos, nomeadamente a eleição para a Câmara Municipal, Assembleia Municipal e as duas freguesias urbanas onde concorreram. A força política de esquerda anunciou um período de “reflexão e reorganização” para “fazer diferente e melhor” no futuro.
O Bloco reconhece que a campanha foi “dura e ingrata”, considerando o atual “quadro político nacional de viragem à direita, não só do poder formal, mas também do discurso coletivo”, e a tendência de decrescimento eleitoral que o próprio partido enfrenta.
O BE reiterou que a solução para derrotar a direita e apresentar uma alternativa aos oito anos de gestão do PS passaria pela convergência de todas as forças à esquerda, nomeadamente com o PCP e o Livre. Embora não tenha sido possível concretizar uma coligação de esquerda nestas eleições, o Bloco defende que esta deve “continuar no horizonte”.
Apesar da derrota, o partido manifestou orgulho no trabalho realizado, destacando a coragem de trazer para a discussão pública temas “fundamentais” e “novos”, como a degradação do centro histórico, com cerca de 500 casas abandonadas, e a crítica ao “agronegócio e ao trabalho escravo que lhe está associado”.
O Bloco de Esquerda garantiu à população de Beja que continuará o seu trabalho coletivo, focando-se na defesa do direito à habitação digna, condições de trabalho humanas, transportes públicos e uma “economia alternativa ao novo latifúndio financeiro”.
Na sua posição de oposição, o BE prometeu ser “exigente e com propostas”, alertando que irá acompanhar de perto o novo executivo, no qual a CDU e o PS detêm quatro dos sete vereadores. O partido advertiu que medidas contrárias aos interesses da população “só passarão se alguns destes eleitos se dispuserem a desempenhar o papel de muletas da direita”.
